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Postado em 14 de Outubro de 2021 às 14h38

Rastreabilidade individual garante padrão sanitário para a carne bovina

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EXPOMEAT 2024 - V Feira Internacional da Indústria de Processamento de Proteína Animal e Vegetal A cadeia produtiva de carne bovina do Brasil vive momentos bem distintos em 2021. Uma performance crescente no volume e faturamento dentro do...

A cadeia produtiva de carne bovina do Brasil vive momentos bem distintos em 2021. Uma performance crescente no volume e faturamento dentro do mercado internacional e, ao mesmo tempo, a suspensão de compras por parte de parceiros comerciais devido a casos envolvendo a sanidade do alimento. O abate de bovinos recuperou-se bem no segundo trimestre deste ano, passou de 7 milhões de cabeças, e a boa notícia veio junto com um excelente resultado das exportações. Os embarques de carne in natura e processada aumentaram 11% em agosto e alcançaram 211,85 mil toneladas. Pela primeira vez na história, o Brasil embarcou acima de 200 mil toneladas em um único mês. Na receita, o aumento foi de 56%. Outro recorde mensal, com US$ 1,175 bilhão. Em oito meses de 2021, os volumes caíram 1%, mas a receita subiu 15%. São 1.283.641 toneladas e receita de US$ 6,26 bilhões. Um ambiente internacional favorável por causa da diminuição da oferta, principalmente da Argentina e Austrália, tradicionais fornecedores.

Entretanto, o Brasil ainda convive com ocorrências sanitárias que colocam dúvidas sobre a nossa proteína. A China, principal cliente, não compra nada desde o dia 4 de setembro, por causa de dois casos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), também chamados de ‘mal da vaca louca’, em Minas Gerais e Mato Grosso. É a segunda vez em dois anos. Em junho de 2019, o Brasil teve que suspender as exportações para os chineses após um fato semelhante, e tudo só voltou ao normal dez dias depois.

A Arábia Saudita, outro importante comprador da proteína brasileira, também anunciou o cancelamento de importações. E só voltou atrás na semana passada [em 16 de setembro]. Isso sem falar no caso dos Estados Unidos, que ficaram sem comprar nossa carne in natura durante três anos, de 2017 a 2020, por causa de abscessos nas carcaças provocados por reações à vacina contra febre aftosa. Depois de o Brasil ter conquistado um espaço após uma década de negociações. “Quando temos um evento sanitário, se tivéssemos condições de assegurar com exatidão qual a origem daquele animal, poderíamos tomar decisões mais acertadas, delimitando imediatamente a área e implementando ações para conter e isolar o problema sem ter que excluir todo um país, como aconteceu agora, neste evento da vaca louca atípica”, explicou Luciano Vacari, gestor de Agronegócio e diretor da Neo Agro Consultoria. “A identificação individual de bovinos eleva a rastreabilidade ao patamar mais alto da pecuária mundial. No caso de ocorrências sanitárias, auxilia na detecção precoce dos casos de doenças, e isto está intimamente associado ao sucesso dos planos de contingência e controle de foco de enfermidades, garantindo o status sanitário do rebanho brasileiro”, reforçou Paulo Costa, coordenador dos Protocolos de Rastreabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O tema vem sendo intensamente debatido pelas empresas que integram a Associação Brasileira das Empresas de Certificação por Auditoria e Rastreabilidade (Abcar), e ganhou intensidade maior com o fechamento imposto por chineses e árabes, além da previsão de garantias adicionais que venham a pressionar a cadeia produtiva nacional por conta da pandemia de covid-19. “Se tivéssemos uma rastreabilidade individual para exportação, estabelecida para todos os mercados, facilitaria todo o vazio sanitário quando um caso de enfermidade fosse detectado. Provocaria um boqueio sanitário mais rápido e eficiente, com rastreabilidade, o que tranquilizaria todos os nossos parceiros comerciais. Além de ser uma solução lógica e necessária para quem deseja estar num mercado exigente como é o da carne bovina”, comentou Aécio Flores, vice-presidente da Abcar.

“O importante na rastreabilidade é conseguir voltar ao animal, saber onde ele esteve, que contato teve com outros bovinos. Sanitariamente falando, é uma segurança muito grande, facilita o isolamento, tem uma lógica clara. Ela existe para esse fim, permitir controle, segregação sanitária, isolando o problema. Hoje, nosso país inteiro sai prejudicado em qualquer caso. Até existe a guia de movimentação dos rebanhos (GTA), mas não se sabe quais são efetivamente movimentados. A identificação individual é um instrumento favorável para todos os pecuaristas porque permite o isolamento das fazendas. Para os frigoríficos porque indica exatamente o caminho das boiadas sadias ou não. E para o país, que mantém as trocas comerciais internacionais mesmo com algum caso isolado de doença na pecuária, sem prejudicar o país inteiro. O indivíduo tem que ser identificado. Caso contrário, a coisa cresce, da fazenda para a região, da região para o estado e daí para o país inteiro. É segurança para todos e merece o fomento urgente por parte das autoridades”, defendeu Thiago Witzler, integrante do conselho da associação.

Witzler também pontuou os indicadores financeiros que envolvem a questão. Como o preço da arroba dentro do Brasil e os nichos de mercado já conquistados ao longo das últimas décadas. “Quando há um caso de doença ou ocorrência sanitária, se houvesse o rastreamento individual, o preço não cairia, como ocorreu nas últimas semanas no nosso país. Por outro lado, importadores muito exigentes, como a União Europeia, mesmo agora, seguem negociando normalmente porque os protocolos mantidos com o governo brasileiro trazem embutidos patamares específicos de identificação individual dos bois e das vacas. Mesmo com China fechada, alguns frigoríficos no Brasil parados e a Arábia Saudita cancelando algumas plantas”, explicou Witzler. “No caso da Europa, é um acordo sanitário claro e que prevê a identificação individual. Logo, precisamos de acordos sanitários que tragam essa questão embutida. Nem precisa ter o estandarte da União Europeia, mas colocar a identificação individual do rebanho com numeração oficial”, acrescentou Aécio Flores. “Sem dúvida alguma, a rastreabilidade é a maior e mais eficiente ferramenta à disposição de toda a cadeia de valor da carne bovina, pois garante alimento seguro na mesa de todo o mundo. Identificando com toda a precisão o passo a passo daquele produto. Do pasto ao prato. Sem falar no manejo dos animais e no efetivo controle administrativo e de gestão da propriedade. Com um custo de implantação infinitamente menor diante do benefício e da segurança que traz a todos”, reforçou Luciano Vacari.

Pois também é justamente o trabalho dentro das fazendas que justifica outro ponto defendido pelas empresas que atuam no segmento. Principalmente neste momento em que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vem conduzindo o plano de retirada da obrigatoriedade da vacinação contra a febre aftosa em várias regiões brasileiras. “A liberação na vacinação contra a aftosa exige atenção. Com rastreabilidade individual não há problema.

Isso é matéria técnica. Temos uma oportunidade única para solucionarmos de vez essa questão. E garantir segurança à comercialização de carne bovina no mundo. E no Brasil, inclusive, porque o consumidor de hoje é exigente em todos os cantos do mundo. É uma solução que já está em nossa casa”, disse o vice-presidente da Abcar.

“O ideal é que o Brasil consiga avançar na rastreabilidade por identificação individual pela própria profissionalização da pecuária. E não porque, em algum momento, a identificação individual seja uma regra imposta pelos mercados importadores como condição para compra. A identificação individual eleva o nível de profissionalismo dos pecuaristas, pois coleta dados e fornece informações para que eles realizem tomadas de decisão com base em números e indicadores de produtividade, trazendo mais eficiência no manejo produtivo e melhores retornos financeiros”, resumiu Paulo Costa. Uma postura também sonhada pelos empresários ligados à Abcar. “A rastreabilidade e a certificação são investimentos com retorno garantido. Que resulta em margens excelentes. Para o produtor, para a indústria e para o país. Sem precisar de pressão externa. Basta colocar nos protocolos sanitários a rastreabilidade individual”, concluiu Aécio Flores.

Sobre o autor
Texto e foto: matéria redigida pelo Grupo Publique e enviada à imprensa em 20/09/2021

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